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CAMPO & CIDADE

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  • - Onévio Zabot - Engenheiro agrônomo e servidor de carreira da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) - Membro da Academia Joinvilense de Letras

CEASA EM JOINVILLE - Onévio Zabot

A Região Norte/Nordeste de Santa Catarina - que abrange os municípios de Joinville, Araquari, Barra Velha, Balneário de Barra do Sul, Campo Alegre, Corupá, Garuva, Guaramirim, Garuva, Itapoá, Itaiópolis, Jaraguá do Sul, Mafra, Massaranduba, Monte Castelo, Papanduva, Rio Negrinho, São Francisco do Sul, São João do Itaperiú, São Bento do Sul e Schroeder -, no que tange à produção de hortigranjeiros, sempre se deparou com entraves no escoamento da produção, especialmente em nível de atacado. A Ceasa de Joinville, embora a região se complemente do ponto de vista climático, ou seja, permite que se produza no período de inverno no litoral, e no período de verão no planalto, esta vantagem não vem sendo devidamente explorada, principalmente por falta de uma estrutura adequada de comercialização e, também, pela falta de um plano comum de ação entre os Municípios da região. 

O crescimento de cidades polos como Joinville, Jaraguá do Sul e São Bento do Sul, aliado ao turismo que aumenta a população dos Municípios litorâneos na temporada de verão, propícia um mercado consumidor de porte, ávido por consumir frutas e verduras saudáveis. O produtor isolado, com pequena escala de produção, predominante na região, dificilmente tem acesso às grandes redes de supermercados que necessitam de produto de qualidade, diversidade e com preço competitivo durante os 365 dias do ano. 

Em razão deste cenário, a produção regional vem caindo gradativamente nos últimos anos. Prova disso, pode ser constatada quando comparamos a região com a grande Florianópolis. Dados da CEASA (Central de Abastecimento) de Santa Catarina, apontam que, enquanto na década de 70 a região de Joinville produzia 80% dos hortigranjeiros que consumia, trazendo de fora apenas 20%; na região da grande Florianópolis acontecia exatamente o contrário, ou seja, produzia 20% do que consumia e importava 80%. Após a instalação da CEASA, em São José, em 1974, houve uma mudança radical. Dados de 1990, indicavam a presença de 2.500 horticultores na região, transformando-a na maior produtora de Santa Catarina. Enquanto na região norte/nordeste gradativamente a produção foi caindo, não chegando, no momento, a atender 15% do mercado. 

Visando reverter este cenário - em 1991, a partir de estudos realizados pela CEASA de São José, na grande Florianópolis, Epagri e Fundação 25 Julho -, foi instalada a CEASA em Joinville, aproveitando a estrutura da Central de Hortigranjeiros, situada na rua Bororós, proximidades da BR 101, Distrito Industrial, numa área de 33 mil metros quadrados. E, em 1998, com a construção do Pavilhão do Produtor, com 1700,00m² e investimentos da ordem de R$ 330.000,00 - iniciativa da prefeitura municipal de Joinville, os produtores tiveram um espaço ampliado e melhorado para comercializar. Posteriormente foi asfaltado o pátio e construído o banco de alimentos com apoio do governo federal. 

No entanto, em razão de entraves burocráticos e pela falta de um planejamento regionalizado, atacadistas se retiraram da unidade, o que reduziu a oferta de hortigranjeiros, e em consequência a afluência de potenciais compradores. Neste momento, com o intuito de revitalizá-la, urge elaborar-se um plano de ação - envolvendo os municípios da região através das associações de municipais (AMUNESC, AMVALI e AMPLANORTE, Associação dos Engenheiros Agrônomos, associações dos usuários da CEASA, organizações de produtores, Epagri, CIDASC para, em conjunto, construir uma agenda de trabalho. Esta agenda teria como missão imediata: 1) transferência da unidade para o Estado, e 2) a elaboração de um plano de revitalização. Trata-se, portanto, de uma iniciativa positiva, geradora de emprego e renda, e em especial de apoio ao agricultor desta próspera região, iniciativa voltada à logística e à segurança alimentar, fatores-chave do desenvolvimento regional. 

Joinville, 25 de setembro de 2020 

Onévio Antonio Zabot

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